Em apenas um ano de atividade, o Biobanco CHAIN recolheu 769 amostras, incluindo sangue total, soro e plasma de 71 pacientes, o que eleva para mais de 41.000 as amostras disponíveis, pertencentes a mais de 11.000 participantes, usadas para investigação em doenças crónicas e infecciosas.
“Os biobancos são infraestruturas de apoio à investigação que processam, organizam, preservam e distribuem amostras biológicas humanas e dados clínicos, como sangue e tecidos, funcionando como repositórios centrais para facilitar o acesso dos investigadores a recursos essenciais para estudos biomédicos”, como explica Maria Assunção, coordenadora técnica do Biobanco CHAIN. Um trabalho na base do qual está a doação voluntária de amostras por parte da população, um ato de generosidade com impacto direto na saúde de todos.
De facto, há um papel ativo que todos podemos ter na investigação que passa pela doação de material biológico, como sangue e seus derivados, urina, fezes, líquido cefalorraquidiano, humor aquoso e outros líquidos corporais, assim como amostras sólidas - cálculos renais, cabelo e tecidos vários resultantes de intervenções cirúrgicas programadas que, de outra forma, seriam descartados. “Amostras e dados de saúde que podem ser guardados de forma anónima e cumprindo a legislação e os princípios éticos em vigor, e que se podem traduzir em respostas sobre qual a melhor terapêutica para cada doente e novas soluções para várias doenças”, refere a especialista.
Disso é exemplo o trabalho feito na NOVA Medical School na área das doenças hereditárias da retina, um grupo de doenças oculares raras, na sua maioria incuráveis, e heterogéneas, que levam à cegueira. “Estabelecer uma coleção de biobanco orientada para estas doenças, criando recursos de boa qualidade, é uma ferramenta valiosa para impulsionar a investigação. A coleção inclui sangue total, plasma, soro e urina, e será complementada com amostras em casos de cirurgias oculares programadas (humor aquoso e vítreo, cápsula anterior do cristalino…).”
Seguindo os princípios FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, Reusable), o biobanco assegura que os dados são organizados de forma acessível e padronizada, incentivando a colaboração entre instituições e acelerando descobertas científicas inovadoras. A privacidade dos dadores é sempre garantida através de um rigoroso sistema de codificação e proteção de dados, assegurando o anonimato total em qualquer fase do processo.
Apesar dos avanços, os biobancos enfrentam desafios como a sustentabilidade financeira e a necessidade de infraestrutura adequada. Superá-los implica o apoio contínuo da comunidade e um alinhamento constante entre os interesses científicos e as necessidades da população. Aqui, a participação de cada um faz a diferença. Contribuir com uma simples doação de amostra pode significar um futuro com diagnósticos mais rápidos, tratamentos mais eficazes e uma ciência mais justa e acessível para todos.