O grupo liderado pelo investigador João Conde, Nanomedicina em Cancro, publicou numa revista Nature uma metodologia para entrega terapêutica de ácidos nucleicos (DNA e RNA) em nanomateriais. Bárbara Mendes e João Conniot, investigadores pós-doutoramento, foram os primeiros autores da publicação e falaram connosco sobre a importância de definir métodos nesta área emergente.
João Conniot, Bárbara Mendes e João Conde
Que descobertas os levaram à investigação descrita na vossa publicação?
Bárbara Mendes (BM): Há uma necessidade crescente de desenvolver estratégias seguras, específicas e económicas para a entrega de biomoléculas de terapia genética. Este artigo de revisão discute como desenhar métodos inteligentes de entrega de ácidos nucleicos e os avanços inovadores neste campo, usando abordagens baseadas em nanotecnologia para melhorar o tratamento de uma ampla gama de doenças.
Porque é que isso é importante?
João Conniot (JC): O desenvolvimento de estratégias ambiciosas de entrega de ácidos nucleicos desafiará ainda mais as barreiras clínicas e tecnológicas da nanomedicina. Portanto, é crucial delinear algumas das considerações gerais do design de nanopartículas de entrega de ácidos nucleicos. Com esta revisão é possível compreender melhor as relações entre as propriedades físico-químicas das nanopartículas e seus comportamentos fisiológicos. Isso facilitará o desenvolvimento racional de veículos de entrega de ácidos nucleicos, mais eficazes e seletivos para tecidos/células específicos.
Podem usar uma analogia para nos ajudar a entender esse campo?
JC: Esta revisão é uma diretriz para a projeção e desenvolvimento de abordagens de entrega de ácido nucleico. Resumidamente, as plataformas de nanomedicina podem transportar ácidos nucleicos que visam direcioná-los estrategicamente para componentes específicos da célula e dos tecidos. Por exemplo, a aplicação mais notável de conjugados de ácido nucleico e nanopartículas é seu uso recente em vacinas, como as vacinas de mRNA SARS-CoV-2, que foram cruciais na pandemia de COVID-19.
Que perguntas ainda precisam ser feitas neste campo?
BM: O trabalho futuro neste campo deve explorar a entrega de material genético como uma estratégia clínica mais acessível e menos dispendiosa, bem como empregar inteligência artificial e machine learning para medicina personalizada”.
Esta investigação foi feita em colaboração com o Technion — Israel Institute of Technology, iChEM da University of Science and Technology of China e o Center for Nanomedicine and Department of Anesthesiology da Harvard Medical School.
O artigo completo, Nanodelivery of nucleic acids, pode ser encontrado na revista Nature Reviews Methods Primers. Foi também destacada pela revista no feature PrimeView (ver abaixo)
