Alimentos ricos em polifenóis: estudo revela nova função no cérebro

26-jul-2024

Uma equipa de cientistas do grupo de Nutrição Molecular e Saúde da NOVA Medical School descobriu que um grupo de metabolitos polifenólicos derivados da nossa dieta alimentar (frutas como mirtilos, amoras, framboesas) não só consegue entrar no cérebro como também melhorar as propriedades da barreira hematoencefálica. Estas descobertas demonstram que estamos um pouco mais perto de compreender os mecanismos moleculares por detrás dos benefícios dos alimentos ricos em polifenóis para a saúde do cérebro.

Em estudos anteriores, o grupo de investigação da NOVA Medical School encontrou, em humanos, o mesmo grupo de compostos polifenólicos em abundância na corrente sanguínea após a ingestão de uma refeição rica em polifenóis (um puré de uma mistura de frutos vermelhos). Para além disso, utilizando modelos celulares relativamente simples (nomeadamente neurónios e microglia), descobriram que estes metabolitos possuem fortes efeitos neuroprotetores e anti-inflamatórios, bem como alguns indícios sobre a sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e alcançar o cérebro. No entanto, a sua verdadeira acessibilidade ao cérebro em métodos in vitro e in vivo precisava ainda ser validada.

O estudo agora publicado na revista científica Food and Function e liderado por Inês Figueira, investigadora pós-doutorada, mostrou que os metabolitos polifenólicos são, de facto, acessíveis ao cérebro, um fenómeno que acontece quase imediatamente e durante períodos relativamente curtos (bastando apenas alguns segundos ou breves minutos para se verificar), tanto utilizando modelos celulares da barreira hematoencefálica como após injeção em ratos. Surpreendentemente, a equipa também descobriu que estes compostos podem melhorar as propriedades da barreira hematoencefálica e a sua restritividade, uma característica essencial para impedir que substâncias nocivas entrem no cérebro.

Embora sejam necessários mais estudos, estas descobertas podem no futuro ajudar a desenvolver soluções preventivas ou terapêuticas para doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, nomeadamente na prevenção ou nos estágios iniciais de progressão da doença.