Cláudia Santos, investigadora da NOVA Medical School, em colaboração com uma equipa internacional liderada por Sarela Santamarina do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade NOVA de Lisboa (ITQB NOVA), acaba de receber um financiamento de 1,5M€ do Programa Horizonte Europa para estudar doenças crónicas e interações hospedeiro-micróbio utilizando metodologias inovadoras mais relevantes para a biologia humana, como os dispositivos “órgão-em chip”.
As doenças crónicas são responsáveis por 86% das mortes prematuras e são uma causa significativa de morbilidade na Europa. Por outro lado, todos os anos, ocorrem cerca de 8,9 milhões de infeções em hospitais e unidades de cuidados neste continente, resultando em 33 mil mortes devido a bactérias resistentes a antibióticos. O avanço da investigação com tecnologias relevantes é essencial para desenvolver tratamentos eficazes e reduzir o impacto destes desafios de saúde.
Este projeto inovador, denominado “MPS NOVA Hub: Advanced Microphysiological Systems and Pluripotent Stem Cell Technologies to Unveil Chronic Disease Mechanisms and Host-Microbe Interactions”, visa estabelecer um Hub Europeu para transpor a investigação básica em doenças crónicas, doenças infeciosas e relações benéficas entre hospedeiros e micróbios para aplicações clínicas. Para tal, a equipa de investigação vai desenvolver e integrar modelos de órgãos em miniatura e células estaminais em plataformas “órgão-em-chip”. Os “órgãos-em-chip” são pequenos dispositivos que simulam o ambiente e o comportamento de órgãos específicos, como o coração, o fígado ou os pulmões, tanto saudáveis como doentes. Combinando vários dispositivos deste tipo, os cientistas podem ainda criar um sistema “multi-órgão em chip” para estudar as alterações funcionais, as interações e a comunicação entre diferentes órgãos.
“Estes dispositivos in vitro, conhecidos coletivamente como sistemas microfisiológicos, e a investigação em células estaminais são muito promissoras para avançar a nossa compreensão da biologia humana na saúde e na doença”, explica a investigadora Sarela Santamarina. Uma vez que estes dispositivos são desenvolvidos com células humanas, podem ser utilizados para selecionar terapias adaptadas a cada doente, o que representa um avanço significativo na medicina personalizada. “Além disso, são uma ótima alternativa aos modelos animais”, acrescenta. “Com os recursos que este projeto traz, e o interesse dos investigadores em adotar estas metodologias, Portugal tem uma grande oportunidade de estar na vanguarda de novos desenvolvimentos nesta área”, acrescenta a investigadora Cláudia Santos, da NOVA Medical School.
Coordenado pelo ITQB NOVA, em colaboração com a NOVA Medical School, o projeto twinning reúne 19 grupos de investigação da Universidade NOVA de Lisboa, que irão utilizar estas tecnologias para estudar o envelhecimento, a neurodegeneração, a inflamação, a infeção, simbioses microbianas, o desenvolvimento de novas terapias, entre outros. O projeto estabelecerá ainda uma rede de colaboração com especialistas de renome internacional nas áreas dos sistemas microfisiológicos e das células estaminais da Universitaetsklinikum Jena (UKJ), do Berlin Institute for Medical Systems Biology (MDC-BIMSB), na Alemanha, e da Fondazione Human Technopole (FHT), em Itália.