Profissionais portugueses reforçam colaboração multidisciplinar no Refractory Chronic Cough Summit 2025

25-nov-2025

Entre os dias 18 e 19 de novembro, realizou-se em Barcelona o Refractory Chronic Cough Summit 2025, um encontro internacional dedicado à tosse crónica refratária (RCC), que reuniu especialistas de áreas como Medicina Geral e Familiar, Alergologia, Pneumologia, Otorrinolaringologia, Terapia da Fala e Fisioterapia.

Em Portugal, estima-se que cerca de 7% da população viva com tosse crónica, uma condição com impacto significativo na qualidade de vida e ainda frequentemente sub-reconhecida e subtratada. Quando a tosse persiste apesar do tratamento adequado de potenciais causas, como asma ou refluxo gastroesofágico, falamos de tosse crónica refratária — uma condição com mecanismos neurobiológicos e características clínicas específicas. Para além da tosse em si, esta condição pode originar perturbações do sono, alterações vocais, fadiga social, dificuldades no trabalho e até incontinência urinária, refletindo de forma clara a carga física, emocional e funcional associada.

A participação portuguesa no Summit, representada por Nuno Neuparth (Imunoalergologia, Professor de Fisiopatologia – NMS, Universidade Nova de Lisboa), Ana Fernandes (Medicina Geral e Familiar – USF D. Sancho I, ULS Lezíria) e Ana Luísa Oliveira (Fisioterapia – Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro), destacou a importância de uma abordagem verdadeiramente interdisciplinar. Ao longo do encontro, discutiu-se a necessidade urgente de uma definição clara e consensual de RCC, ferramentas diagnósticas simples e aplicáveis nos cuidados primários, a importância da comunicação eficaz entre profissionais e pessoas com tosse crónica, assegurando explicações consistentes, validação do sofrimento e um percurso de cuidados mais estruturado. A criação de equipas multidisciplinares dedicadas à RCC foi também apontada como um passo essencial para garantir uma abordagem coordenada e eficaz.

A presença conjunta dos três profissionais portugueses constituiu um sinal forte de unidade e de compromisso com o avanço desta área, reforçando a intenção comum de promover mais formação, aumentar a sensibilização e melhorar a resposta clínica à RCC em Portugal. Esta participação cria oportunidades concretas para o desenvolvimento de iniciativas conjuntas entre especialidades e para uma abordagem mais integrada, informada e centrada no doente, num contexto nacional onde a tosse crónica continua a afetar milhares de pessoas.