Os investigadores Hugo Vicente Miranda e Maria Paula Macedo receberam financiamento da Fundação Michael J. Fox para perceber se o enzima degradador da insulina consegue proteger contra a perda de neurónios no cérebro.
É sabido que na doença de Parkinson (DP), a aglomeração da proteína alfa-sinucleína no cérebro pode levar à morte de neurónios e foi recentemente demonstrado que o enzima degradador da insulina (IDE) previne a agregação da alfa-sinucleína no pâncreas. Também se sabe que em indivíduos idosos e em pacientes com diabetes tipo 2 os níveis da enzima IDE estão diminuídos.
Com base nestas premissas, Hugo Vicente Miranda e a sua equipa, vão investigar o papel do enzima degradador de insulina no cérebro, em modelos animais pré-clínicos da Doença de Parkinson e da Diabetes tipo 2, para perceberem se este enzima confere algum efeito protetor no cérebro. Especificamente a equipa de investigadores vai combinar dois modelos de doença para explorar qual o impacto da redução dos níveis de enzima degradador de insulina no cérebro causado pela diabetes, em ratinhos modelo de doença de Parkinson. Por outro lado, vão também testar se a compensação ou aumento dos níveis deste enzima no cérebro, pode prevenir ou travar a evolução da doença de Parkinson.
Por outras palavras, podemos imaginar que o enzima degradador da insulina é uma máquina que está constantemente a impedir que uma proteína pegajosa (alfa-sinucleína) se agregue dentro dos neurónios. Com a diabetes ou com o envelhecimento essa máquina deixa de funcionar corretamente, o que leva a que esta proteína pegajosa se aglomere e se torne tóxica para os neurónios. Com este projeto, os investigadores pretendem reforçar o cérebro com maior número destas máquina protetoras para impedir que a proteína pegajosa se aglomere e provoque danos nos neurónios, impedindo assim a progressão da Doença Parkinson.
Este projeto conta com a colaboração de Luísa Lopes, investigadora principal do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes. O sucesso deste projeto representa um passo importante no desenvolvimento de uma nova estratégia terapêutica para a doença de Parkinson. E irá permitir recrutar e treinar novos investigadores para trabalharem nesta área de investigação, e que irão ajudar a combater esta doença.
Para o Hugo Vicente Miranda, coordenador deste projeto, receber financiamento da Michael J. Fox Foundation é um enorme privilégio. Hugo Vicente Miranda especifica que "em primeiro lugar, este prémio vai permitir à minha equipa investigar uma nova estratégia terapêutica para a doença de Parkinson, que é o foco principal do laboratório, respondendo a uma necessidade urgente por parte dos doentes de Parkinson ", e para além disso, considera também que ser premiado pela MJFF é "uma validação de que nossa estratégia de investigação segue o rumo certo, é extremamente translacional e é reconhecida internacionalmente ao mais alto nível".
No plano global, este projeto contribui diretamente para os Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 (ODS 3) - Saúde de Qualidade, uma vez que o seu sucesso ajudará a promover o bem-estar e uma vida mais saudável para os doentes com doença de Parkinson e Diabetes tipo 2 e, em particular, para a população idosa, com maior risco de desenvolver estas doenças.