Mês da Visão Saudável 2022

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A perda de visão é considerada uma das condições com maior impacto na qualidade de vida das populações. A Organização Mundial de Saúde estima que 253 milhões de pessoas sejam afetadas por algum tipo de doença que compromete a visão e que destas 81% tenham mais que 50 anos. Além disso, 84% das pessoas afetadas sofrem de doenças crónicas da visão para as quais ainda não há tratamentos eficazes. 

Na NOVA Medical School, existem cinco grupos de investigação que se dedicam ao estudo de várias doenças crónicas e genéticas que afetam a visão.

O grupo liderado por Miguel Seabra, dedica-se ao estudo dos mecanismos moleculares subjacentes à Degenerescência Macular relacionada com a Idade (DMRI), uma doença crónica que afeta 15% da população entre os 65 e os 74 anos, 25% da população entre os 75 e os 84 anos, e 30% da população com mais de 85 anos. Atualmente, não existe nenhum tratamento que previna a evolução da DMRI para as formas mais graves, e assim sendo, esta doença tem uma prevalência superior a todas as demências juntas. Em estreita colaboração com oftalmologistas, este grupo de investigação procura desenvolver novas estratégias para o tratamento das formas precoces da DMRI.

O grupo liderado por Sandra Tenreiro tem-se dedicado ao desenvolvimento de novos modelos de estudo das doenças da retina em laboratório. Nomeadamente, na utilização de organoides de retina, estruturas celulares tridimensionais que mimetizam o tecido humano, para dissecar as fases inicias da Retinopatia Diabética, uma doença que afeta um terço dos doentes diabéticos e que é a principal causa de cegueira na população adulta em idade ativa. O objetivo deste grupo é usar estes novos modelos de estudo para identificar novas moléculas que protejam a retina no contexto da diabetes.

O grupo liderado por Gabriela Silva pretende desenvolver novas terapias para doenças da retina, em particular para a retinopatia diabética, mas também para outras doenças com causa genética. Estas novas terapias têm por base a terapia génica, neste caso com recurso a vetores não virais, ou seja, alternativas para introduzir genes nas células doentes que não usem vírus. O objetivo desta equipa de investigação é a otimizar a entrega e expressão de genes de interesse usando sistemas mais eficientes e abordagens combinatórias para direcionar os vetores terapêuticos para células específicas.

O grupo liderado por António Jacinto estuda modelos animais que conseguem recuperar a visão após danos significativos do olho. O modelo mais usado é o peixe-zebra, no qual a retina regenera após destruição dos fotorreceptores, parte integrante do olho, por exemplo devido a dano físico ou a exposição a níveis de UV muito intensos. Na retina do peixe-zebra existe um tipo particular de células, as Müller Glia, que são ativadas após um dano do tecido e que se multiplicam para dar origem a novos fotorreceptores e restabelecer a visão. Nas retinas humanas também existem células Müller Glia mas que não conseguem contribuir para a regeneração. O conhecimento mais profundo dos processos regenerativos do peixe-zebra poderá no futuro ajudar a desenvolver alguma capacidade regenerativa em humanos, por exemplo através da ativação e regulação das Müller Glia humanas.

O grupo liderado por Paulo Pereira procura compreender de que forma a comunicação entre as células da retina pode contribuir para manter a função desse órgão e de que forma as alterações que ocorrem durante o envelhecimento podem comprometer essa comunicação resultando em doenças com a DMRI. Este grupo está especialmente interessando em compreender de que modo a comunicação mediada por pequenas vesículas extra-celulares designadas exossomas, pode contribuir para manter a função da retina evitando o desenvolvimento de doenças. Esta equipa de investigadores está também a desenvolver estratégias que permitam fazer a engenharia destes exosomas de modo que possam transportar proteínas ou outras moléculas com potencial terapêutico que possam vir a ser usadas para tratar ou prevenir a evolução de doenças da retina que causam perda de visão.

 

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Da esquerda para a direita: Investigadores Principais Miguel Seabra, Sandra Tenreiro, Gabriela Silva, António Jacinto e Paulo Pereira

As consequências da perda total ou parcial de visão são vastas e incluem exclusão social, maior risco para quedas e acidentes, para além de poderem comprometer também a saúde mental. E, o envelhecimento, fatores genéticos e fatores ambientais são os principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crónicas da visão. Assim, neste Mês da Visão Saudável apelamos a que cuide da sua visão enquanto damos a conhecer a investigação de excelência que é feita na NMS nesta área.

 

 

 

António Jacinto
Miguel Seabra
Principal Investigator
Paulo Pereira
Principal Investigator
Sandra Tenreiro
Investigador Principal